As crianças aprendem muito depressa, não há como negar isso,
apenas em dois anos passam de pequenos blobs que pouco fazem mais do que chorar
e causar dores de cabeça, para pequenas criaturas que correm de uma lado para o
outro enquanto questionam aquilo que os rodeia.
O cérebro de um bebé tem uma elasticidade enorme, os
neurónios conseguem criar pontes entre si de uma forma muito rápida e
eficiente, e é algo que não irão perder durante muitos anos, por isso vemos
crianças que ainda só dizem uma ou outra palavra em poucos anos a construir
frases e pensamentos para responder aos pais. Esta evolução é espantosa sem
duvida, mas por outro lado, que alternativa têm?
Desde o seu nascimento um bebé nasce para um mundo que o irá
bombardear de informação, som, luzes, paladar, olfacto o tacto, esta
constantemente a receber estas informações e ainda pouco sabe o que fazer com
elas, mas vai ter que aprender e depressa. À medida que o cérebro começa a dar
sentido a isto tudo, também tem que começar a aprender a usar os próprios
membros, para poder andar e ganhar destreza nas mãos, isto tudo enquanto
continua a descodificar o significado daqueles estranhos sons que saem da boca dos
pais.
Sim, aprendem depressa, mas pouca escolha têm nessa questão,
e não vão ter tempo para descansar este pequeno cérebro aos cinco seis anos
irão pela primeira vez para uma escola (se ignoramos a pré-escola que algumas
crianças frequentam) e lá irão ainda ter mais estímulos, mais informação, irão
ter que aprender e estudar, e esta vida de aprendizagem irá continuar até
chegarem a vida adulta.
Por isso é natural que venha a ideia, crianças aprendem mais
depressa que os adultos e em muitos casos é verdade, mas não pelo motivo que
pensamos. Cada um de nós terá que fazer escolha importantes enquanto aproximamos
da fase adulta, muitas delas irão definir como iremos viver até ao nosso último
dia, iremos trabalhar e focar a nossa atenção principalmente nisso, iremos ter
uma conforto intelectual sobre aquilo que aprendemos até então e a necessidade
de aprender algo novo torna-se inconveniente ou até desnecessário. Os anos passam
e ficamos mais velhos, olhamos para a nova tecnologia que acabou de sair e
pensamos; “Ui não percebo nada disto, é como diz o ditado, não se pode ensinar
novos truques a um cão velho”, mas este raciocínio é falso (inclusive esse mito
dos cães).
O cérebro
tem sensivelmente 80 mil milhões de neurónios, passam estímulos eléctricos uns
pelos outros para deixar a informação fluir, controlam tudo que se passa no
nosso corpo e tudo com a nossa mente. Formam pontes entre eles enquanto pulsam constantemente,
como um rio de informação que esta sempre a fluir. E ao contrário do que se acredita o cérebro consegue criar novos neurónios se assim for necessário para
compensar a perda de outros, mas é uma habilidade que se vai tornado menos
eficiente a medida que envelhecemos. Mesmo assim não devemos abusar e tornar a
nossa missão destruir o maior número de células cerebrais possíveis. Existem varias causas,
stress, falta de nutrição, snifar tinta, etc. E muitos problemas de
saúde estão ligados a perdas abundantes deles, como Alzheimer.
Sendo assim o nosso numero de células cerebrais não vai ser significantemente diferente de uma criança, porque
então o contraste de velocidade de aprendizagem?
Esta tudo no esforço e no trabalho que cada um coloca nas
novas tarefas. Uma criança esta colocada num ambiente inteiramente desenhado apara
aprender desde que acordam até se deitarem, mas há muito esforço pelo meio e
muita pressão social. Mesmo em criança, nenhum de nós deseja ficar para trás,
queremos sempre acompanhar o progresso do resto da turma, mas nem sempre era
fácil, dominar a escrita, memorizar a tabuada, todos nos podemos relembrar de
alturas que parecia impossível aquilo que nos estavam a pedir, os anos passam e
pensamos, bolas era tudo tão fácil! Mas não, não era, naquela altura era tudo chinês.
Pelos erros aprendemos, e com eles melhoramos. E aqui esta a
verdadeira diferença entre a aprendizagem de um adulto e a de uma criança, o
que fazer quando cometemos erros.
Existe uma ignorância generalizada, sobre o que significa
ser esperto ou ser inteligente, associamos isto a infalibilidade intelectual, mas
isso é incorrecto. Ouvimos mães babadas a comentar que os seus filhos são tão
esperto, que raramente comentem erros, não como os filhos da outras que são
burros e sempre a errar. Esta é a ideia generalizada que atravessa continentes,
etnias e culturas, mas é totalmente falsa. Um perito numa área é uma pessoa que
cometeu todos os erros possíveis e o que sobra são só as respostas correctas.
Aprendemos porque
errámos, não consigo stressar esta frase o suficiente, é algo que ninguém
nega, mas também muitos poucos percebem realmente o que significa. Cada vez que
erramos temos que fazer uma escolha, aprender com o erro para não o voltar a
cometer, ou simplesmente ignorar e seguir com as nossas vidas, infelizmente a
segunda é a mais comum.
E porque? Porque desistimos tão facilmente? Certamente que a
personalidade de cada um é um factor muito importante neste assunto, mas há
mais. Como associamos erroneamente o acto de falhar com estupidez e
incapacidade de aprendizagem, criamos um estigma em volta do assunto. Tentei
algo novo e falhei, serei certamente burro e velho demais para isto e não farei
perguntas para corrigir a questão pois a vergonha será demais. Vivemos numa
sociedade que as pessoas preferem ficar caladas e ignorantes para preservar aparências
de algo que não são, do que simplesmente perguntar e passar a ser aquilo que aparentam.
Mas não mesmo em adultos não há motivo nenhum para aprender
algo novo. Um bom exemplo será tentar dominar uma nova língua, isto não é uma
tarefa fácil, isso é verdade e isso leva muitos a desistir e acreditar que é
impossível, mas uma criança de 4 anos já esta a dominar a sua nova língua, e é
um pouco insultuoso pensar que algo que mal sabe que esta vivo é melhor a
dominar algo do que um adulto. As crianças falham, falham e voltam a falhar,
mas com o tempo irão melhorar, é inevitável, o mesmo acontece com os adultos.
Mas o estigma esta sempre nós, falhar é sinal de estupidez para que voltar a
tentar? Mas é um erro, se realmente desejarmos dominar algo novo, temos que
errar, outra vez e outra vez e aprender com cada erro. A única real vantagem
que as crianças têm, é uma quantidade imensurável de tempo e a falta de
responsabilidades. Ao passo que um adulto tem anos de experiencia que pode usar para se adaptar a um novo ambiente.
E penso que esta informação é uma boa fonte de inspiração,
uma mensagem que não somos velhos demais para aprender novas artes, novas
línguas, novos conhecimentos, que a ideia que somos velhos demais é falsa, que
o que realmente interessa é dedicação e muito muito trabalho e esforço, no
final do dia, os limites que são auto-impostos muitos na realidade não existem,
se desejas apreender algo novo, desistir será o que te irá impedir, nada mais.
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